O papa Bento 16 anunciou nesta segunda-feira (11), oficialmente, que renunciará à chefia da Igrega Católica Apostólica Romana. É a primeira vez que um papa renuncia ao cargo desde 1415.
Segundo informações da agência Reuters, Bento 16 deixará o cargo no dia 28 de fevereiro, após quase oito anos chefiando a Igreja. Com isso, o cargo ficará vago até a escolha de um sucessor.
O papa enfrentou um dos momentos mais conturbados da Igreja, com envolvimento em escândalos de abuso sexual em diversos locais do mundo.
Bento 16 disse em comunicado oficial que já não possui mais forças para continuar a exercer suas responsabilidades e que sabe da "seriedade do ato" de renunciar. O líder completa 86 anos em abril deste ano.
O Código Canônico, em seu artigo 187, autoriza que "qualquer pessoa no uso da razão pode, por justa causa, renunciar ao ofício eclesiástico".
Sucessão
Segundo informações do jornal espanhol El País, um dos grandes favoritos para suceder Bento 16 é o italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão, ex-patriarca de Veneza e membro do movimento ultracatólico Comunhão e Liberação.
Scola tem 71 anos, e foi ordenado na igreja em julho de 1970. Está a frente da liderança de Milão desde junho de 2011.
A escolha, porém, ainda não é certa. A Igreja Católica Apostólica Romana precisa reunir suas principais lideranças para realizar o Conclave. O Conclave é uma reunião fechada entre os principais bispos da religião para a escolha e votação do novo líder.
Histórico
O Cardeal Joseph Ratzinger, de origem alemã, foi nomeado o sucessor do polonês Karol Wojtyła, o Papa João Paulo 2º, em abril de 2005. Ele foi eleito como o 265º papa da Igreja Católica Apostólica Romana.
Íntegra do comunicado do papa publicada no site da Rádio Vaticano
"Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando.
Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20h, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus."